Depoimentos no STF detalham reuniões ministeriais de 2022 e atuação do governo nas eleições
Até sexta-feira (30), devem ser ouvidas 26 testemunhas indicadas pela defesa de Anderson Torres
Brasília|Gabriela Coelho e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

Durante os depoimentos desta quinta-feira (29) no STF (Supremo Tribunal Federal), ex-ministros e autoridades que testemunham a pedido da defesa de Anderson Torres relataram detalhes de reuniões ministeriais realizadas em 2022. Segundo os depoentes, os encontros trataram principalmente do processo eleitoral e da atuação das instituições federais durante o período.
O ex-ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, afirmou que, na reunião em que participou mais ativamente, o tema principal foi o processo eleitoral e o papel das instituições para garantir a normalidade institucional durante as eleições. Segundo ele, foram debatidas as resoluções vigentes de órgãos com função fiscalizadora, a fim de preparar as instituições para eventuais problemas e para reagir adequadamente aos resultados, independentemente do vencedor.
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“Falamos sobre como os órgãos públicos deveriam atuar durante o período eleitoral, considerando as resoluções já estabelecidas por instituições com função de fiscalização. Discutimos possíveis dificuldades que poderiam surgir ao longo do processo e como as autoridades deveriam se posicionar diante de eventuais problemas”, explicou Rosário.
O ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, também depôs, lembrando uma reunião ocorrida em 5 de julho de 2022, na qual houve um pedido para que os ministros se empenhassem em defender mais o governo. Segundo Sachsida, houve menção à urna eletrônica, mas ele não se recorda de ter ouvido qualquer comentário do então ministro Anderson Torres sobre o processo. Ele negou que tenha sido abordado qualquer atentado ao regime democrático.
Bruno Bianco, ex-Advogado-Geral da União, declarou que participou de reuniões reservadas em que Mauro Cid atuava mais como ajudante de ordens e que, com ele, havia poucas trocas técnicas. Bianco também afirmou que Anderson Torres nunca falou com ele sobre medidas antidemocráticas, como estado de sítio.
Em relação a questionamentos do Procurador-Geral da República sobre possíveis encontros em que o então presidente Jair Bolsonaro teria perguntado sobre a reversão dos resultados eleitorais após o segundo turno, Bruno Bianco disse: “Houve uma reunião em que o presidente perguntou se eu tinha visto algum problema nas eleições, e eu disse que ocorreram de forma legal, com uma comissão transparente acompanhando o processo. Na minha frente, o presidente se deu por satisfeito.”
Bianco descreveu sua conversa com Bolsonaro como breve e reservada, ocorrida no Palácio do Planalto, onde esperava tratar da transição.
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